“Quero ser o senador do interior e do semiárido”, afirma Marcelo Nilo
Por Redação
01/12/2025 às 08:30

Foto: Divulgação/Alba
O ex-deputado Marcelo Nilo confirmou à Tribuna que pretende disputar o Senado em 2026 e afirmou que, desta vez, está decidido a entrar na chapa da oposição. Ele disse que quer ser “o senador do interior, do semiárido e dos recursos hídricos”, ao destacar que nunca viu outro parlamentar assumir esse compromisso. Nilo lembrou que já recusou convites para o Senado em 2010 e 2014, mas afirma que agora “chegou a hora”. O ex-presidente da Assembleia avaliou que há “três nomes para duas vagas” na chapa de ACM Neto: ele próprio, João Roma e Márcio Marinho. Disse esperar ser escolhido e citou sua trajetória, destacando os “dez anos na presidência da Assembleia” e o fato de ter sido eleito “14 vezes consecutivas” pela imprensa como melhor deputado da Bahia. Nilo atacou a estratégia do PT na montagem da chapa governista, afirmando que o partido “cortou a cabeça” de Lídice da Mata e João Leão no passado e tenta repetir o movimento com Angelo Coronel. Ele fez duras críticas ao governo Jerônimo Rodrigues, classificando a gestão como a pior da história da Bahia em áreas como educação, saúde, desemprego e segurança pública. Também voltou a atacar o ex-governador Rui Costa no caso dos respiradores. Nilo ainda avaliou o cenário nacional, dizendo que Lula está “muito arrogante” e que a oposição deve se unir em torno de Tarcísio de Freitas para 2026.
Tribuna: O senhor já declarou algumas vezes a sua aspiração de disputar o Senado. O que motivou essa decisão e como vai ser agora a sua articulação para 2026?
Marcelo Nilo: Primeiro, em 2010, Jaques Wagner me convidou para ser senador. Eu não quis. Preferi ser presidente da Assembleia. Ele convidou o Walter Pinheiro. Em 2014, Paulo Souto, com 40% e Rui Costa com 5%, ACM Neto me convidou para ser senador de Paulo Souto. Eu não quis. E agora eu quero ser senador da República. Por quê? Porque eu quero ser o senador do interior. Eu quero ser senador que esteja escrito na minha testa: água, recursos hídricos. Com todo o respeito a todos os senadores da República, mas eu nunca vi o senador dizer: “Eu sou senador do interior, eu sou senador do semiárido, eu sou senador de recursos hídricos”.
Tribuna: E como é que o senhor vai articular as conversas também, porque na possível chapa de ACM Neto têm alguns nomes ventilados: João Roma, a possibilidade de Angelo Coronel sair do governo e vir para a oposição também. Como o senhor vê esse cenário?
Marcelo Nilo: Olha, ACM Neto é um técnico. Ele tem bons jogadores para ter três escolhidos: um vice e dois senadores. Pretensos ao Senado, por enquanto, Marcelo Nilo, João Roma e Márcio Marinho. Eu não posso falar o nome de Angelo Coronel, que é uma pessoa, inclusive, que eu me dou muito bem pessoalmente. Foi meu colega como deputado estadual. Sempre tivemos uma relação de respeito, apesar de muitas vezes divergimos e disputarmos. Mas existem três candidatos, por enquanto, para duas vagas: João Roma, Marcelo Nilo e Márcio Marinho. Ele vai escolher dois. Espero que eu esteja entre os nomes. Por quê? Tenho um passado, fui sete vezes deputado estadual, uma vez deputado federal, dez anos presidente da Assembleia, fui governador interino, duas vezes o mais votado da Bahia e 14 vezes consecutivas escolhido pela imprensa da Bahia como o melhor deputado do Estado. Eu coloquei meu nome para ser senador e espero estar entre os escolhidos na chapa coordenada por ACM Neto.
Tribuna: Como o senhor vê essa estratégia do PT de montar uma chapa “puro sangue”, provavelmente limando Angelo Coronel?
Marcelo Nilo: O PT gosta muito de cortar a cabeça dos aliados. Cortaram a cabeça de Lídice da Mata, que foi uma grande senadora, para botar Coronel. Cortaram João Leão, mesmo tendo sido feito um acordo na presença de Lula, na presença de Otto, na presença de Wagner, na presença de Rui. E agora estariam tentando cortar a cabeça de Angelo Coronel. Eu conheço política, certo? Eu tenho certeza absoluta que não vai ter a chapa puro sangue do PT. Porque é um voto só. O PT tem um único voto: Wagner e Jerônimo têm os mesmos eleitores. Então, eles não estão fortes para brigar com o PSD. Otto Alencar nunca foi traidor. Otto Alencar é presidente da Comissão de Constituição e Justiça e não vai aceitar que seu compadre e amigo, parceiro de muitos e muitos anos, tenha a cabeça cortada. Repito: cortaram Lídice, cortaram João Leão. Tentaram cortar a de Marcelo Nilo, mas estou vivo para ser senador. Acredito que a chapa deles será de Wagner e Coronel. E Rui Costa como deputado federal, porque ele não pode ficar sem mandato, porque se existir Justiça no Brasil, o 'Rui dos Respiradores' vai ser preso - segundo a Polícia Federal e o Procurador-Geral da República.
Tribuna: Por que o senhor chama Rui Costa de “Rui dos Respiradores”? De onde vem essa alcunha?
Marcelo Nilo: Primeiro o seguinte: pandemia. O povo morrendo por falta de oxigênio. Dispensou a licitação, pagou antecipado e não foi entregue um respirador. Repito: não foi entregue um respirador. A empresa nunca entregou respirador na vida. A empresa vendia medicamento com cunho primitivo da maconha, cannabidiol. Segundo a Polícia Federal, o dinheiro foi desviado para compra de carros luxuosos, pagamento de cartão de crédito e mensalidade escolar. O procurador federal Paulo Gonet disse em alto e bom som que existem indícios fortíssimos da participação de Rui Costa e mandou abrir processo. É como se você fosse no supermercado comprar uma Ferrari. Pagou. No dia seguinte fosse buscar. E, no dia seguinte, a balconista dissesse 'Aqui não vende Ferrari, aqui vende carne, macarrão, arroz, farinha'. E o que é pior de tudo isso é que não foi entregue um respirador. E o povo morreu. Se Rui Costa não for preso, eu, Marcelo Nilo, estou dizendo: não existe justiça no Brasil. Já ouvi falar de corrupção de 5%, 10%, 15%. Nunca de 100%. Ele disse: “Ah, eu mandei apurar”. Amigo, ele demitiu o chefe da Casa Civil, Bruno Dauster, mandou a Polícia Civil apurar o governador. O subordinado apurar o chefe. Inacreditável. Portanto, repito: se não for preso, não existe justiça no país.
Tribuna: Como o senhor vê a correlação de forças para o governo do estado? ACM Neto chega mais forte que quatro anos atrás?
Marcelo Nilo: ACM Neto foi candidato a prefeito de Salvador em 2008 e perdeu. Não cometeu os mesmos erros e foi eleito em 2012. Foi reeleito em 2016 com uma grande votação, porque, no primeiro mandato, ele foi eleito pela classe média e classe alta de Salvador. No segundo mandato, ele trabalhou muito pela classe pobre de Salvador e pela periferia. Tanto é que foi reeleito com quase 80% e elegeu Bruno Reis também com quase 80%. ACM Neto é um homem experiente, apesar de jovem. Se for governador, vocês podem ter certeza, meus amigos, que será o melhor governador da história da Bahia, como foi de Salvador.
Tribuna: O senhor já chegou a dizer que Jerônimo seria o pior governador da história da Bahia em diversas áreas. Qual a sua avaliação do governo Jerônimo até agora?
Marcelo Nilo: Educação: nós somos a segunda pior educação do país. Saúde: nós somos a primeira e péssima saúde do país. Desemprego: nós somos o primeiro lugar proporcionalmente em desempregados. Segurança pública: um caos total. Repito, educação, o governador Jerônimo Rodrigues disse em alto e bom som: “A escola que reprova é uma escola preconceituosa”. Portanto, o aluno tanto faz tirar 10 como 0, tem que passar. Quando você vê um familiar sofrendo numa maca, no corredor, e o governador diz “fiquem lá e mandem o Ministério Público ligar para mim”, é porque não tem Deus no coração, não respeita a família num momento difícil vendo o seu ente quero sofrendo. Segurança pública, das cinco cidades mais violentas do Brasil, três são da Bahia. A primeira é Jequié, terra de pessoas maravilhosas, entregue completamente ao narcotráfico. Barragens: o governo do PT, em 20 anos, fez uma única barragem que eu conheço: Itapé. Portanto, é um governo medíocre em termos de execução, além de ter tomado 27 bilhões de reais em empréstimos.
Tribuna: Qual o diagnóstico que o senhor faz do governo Lula e como enxerga a correlação de forças para 2026? Quem pode ser o candidato competitivo da oposição?
Marcelo Nilo: Votei em Lula no primeiro mandato, no segundo e o Lula 3 está muito estranho, sofrível. O Lula não está bem. Eu não diria pela idade de 80 anos. Eu não diria pelo momento difícil do Brasil. Eu diria simplesmente porque ele está muito arrogante. Ele está muito arrogante quando se acha acima de Deus. Quando ele diz: “Porque Ele sabia que eu, Lula, seria presidente da República e iria fazer”. É inacreditável. Eu inclusive pensei que era fake news, mas não é. É arrogância dele. Portanto, nós estaremos unidos com Tarcísio de Freitas, candidato a presidente da República. Estou nesse momento inclusive me Brasília. Todos os deputados federais dizem que Tarcísio será nosso candidato para vencer.
Tribuna: Que efeito o senhor acredita que a prisão de Bolsonaro pode ter nas eleições? Ou não vai ter efeito nenhum?
Marcelo Nilo: Bolsonaro foi preso sem ter acusação de roubo. Lula foi preso acusado de corrupção. Michel Temer foi preso acusado de corrupção. Collor foi preso acusado de corrupção. Bolsonaro foi preso sem nenhuma acusação de desvio de recursos públicos. É um fato novo. O que isso vai ser para a opinião pública é difícil agora, porque o Brasil hoje anda muito dividido entre radicais de direita e radicais de esquerda. Eu sou de centro. As pessoas têm que ter equilíbrio. Eu acho que qualquer presidente da República, por acaso for preso, tem que ser prisão domiciliar, exceto se for corrupção. Repito: exceto corrupção, um presidente não pode ir para uma prisão com delinquentes, traficantes, bandidos, porque pode ser morto a qualquer momento. Defendo a tese de que presidente preso, exceto por corrupção, não fique próximo a bandidos, traficantes e assaltantes.
Tribuna: O senhor mencionou a necessidade de um senador ser próximo aos municípios. Que lições da sua atuação como presidente da Assembleia podem influenciar sua atuação no Senado, caso eleito?
Marcelo Nilo: Primeiro, que eu fui presidente da Embasa. Segundo, que eu fui deputado para apoiar todos os municípios da Bahia. Terceiro, que eu acho que, se nós resolvermos os problemas de água, resolveremos o nosso estado. Repito: dois terços do território pertencem ao semiárido. Resolver os problemas de abastecimento de água. Se fizermos uma adutora saindo de Paulo Afonso até Alagoinhas, do São Francisco. Se fizermos uma adutora saindo de Juazeiro até Feira de Santana. Uma adutora de Ibotirama e Barreiras descendo para Guanambi, cobrindo todo o sertão baiano, resolveremos abastecimento e irrigação. O São Francisco fez transposições externas para Paraná, Pará, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, mas não fez transposições internas. Tem muitos problemas: segurança, saúde, educação. Cinco horas da tarde o povo fica olhando para o céu para saber se vem chuva. Dependemos de São Pedro. Como presidente da Assembleia, entre várias coisas, passamos de 36 desembargadores para 70, fizemos a lei contra o nepotismo, editamos e reeditamos. Qualquer município da Bahia tem a tinta da minha caneta. Por quê? Porque, como presidente da Assembleia, a última palavra do orçamento é do Legislativo. Eu tinha o poder de assinar investimentos em todos os 417 municípios. O que mais me honra, durante 32 anos como deputado, é ter minha marca em todos os municípios da Bahia.
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