O presidente em exercício Geraldo Alckmin decretou luto oficial de três dias no Brasil em homenagem ao ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, que morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, vítima de um câncer. A decisão do governo brasileiro reconhece o impacto da trajetória política e humana de Mujica, um dos líderes mais emblemáticos da esquerda latino-americana.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre agenda oficial na China, lamentou a morte do aliado em nota oficial. “Combateu a ditadura, defendeu a democracia e jamais se afastou da luta por uma sociedade mais justa”, declarou. Lula destacou ainda a firmeza política e a sensibilidade humana do uruguaio, cuja vida foi marcada pelo compromisso com a justiça social e pela busca de redução das desigualdades.

O Itamaraty também divulgou nota de pesar, exaltando o papel de Mujica na promoção da integração regional. “O legado de ‘Pepe’ Mujica permanecerá, guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento”, afirmou o comunicado.

Amigo pessoal de Lula, Mujica foi condecorado em dezembro do ano passado com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria brasileira concedida a estrangeiros. Os dois líderes mantinham laços políticos e ideológicos próximos, atuando juntos em pautas voltadas à soberania latino-americana e ao combate à pobreza.

Pepe Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015. Ex-guerrilheiro tupamaro, ficou conhecido mundialmente por seu estilo de vida simples. Recusou-se a morar na residência oficial da presidência e seguiu vivendo em sua modesta chácara nos arredores de Montevidéu, dirigindo um Fusca azul de 1987.

Mujica deixa a esposa, Lucía Topolansky, com quem foi casado por duas décadas. Sua morte representa o fim de uma era marcada por um exemplo raro de coerência entre discurso e prática no cenário político latino-americano.

Informações da Gazeta Brasil / Foto: Ricardo Stuckert/PR