30 de Abril de 2025

Agricultura Familiar em Debate: Secretário do Conselhão fala sobre investimentos, inovação e desafios no setor em entrevista à CBN Salvador

Na manhã da última segunda-feira (28), o programa CBN Salvador, apresentado por Fernanda Cruz e Evilásio Júnior, recebeu o secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), Olavo Noleto, para uma entrevista que trouxe à tona uma das pautas mais urgentes do país: os investimentos na agricultura familiar.

Sob o tema “Investimentos na agricultura familiar: o que está sendo feito e o que ainda falta fazer?”, a entrevista abordou o contraste entre os anúncios milionários e a persistente necessidade de ações estruturantes para fortalecer o setor, que representa mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.

Olavo Noleto destacou o recente anúncio de R$ 180 milhões para a agricultura familiar, mas foi questionado sobre o real alcance desse investimento diante das demandas acumuladas. “O valor é relevante, sim, mas estamos falando de um setor historicamente negligenciado. O investimento precisa ser contínuo, monitorado e melhor direcionado para surtir o efeito necessário na base da produção”, afirmou.

Aos ser indagado sobre o discurso de inovação em um cenário onde agricultores ainda enfrentam dificuldades básicas como acesso ao crédito e assistência técnica, Noleto reconheceu os entraves. “Estamos trabalhando para ampliar o alcance da assistência técnica e democratizar o acesso à inovação. Não se pode falar de tecnologia sem garantir o básico. O esforço é para que a inovação chegue a todos os territórios, especialmente os mais vulneráveis”, garantiu.

Outro ponto debatido foram os critérios de definição das políticas públicas. Os apresentadores questionaram se os agricultores e organizações da sociedade civil têm, de fato, poder de decisão ou apenas são ouvidos sem impacto real. Noleto enfatizou que a construção das diretrizes é feita de forma participativa: “O Conselhão tem uma função consultiva, mas a escuta é ativa. As propostas nascem de mesas de diálogo, e nossa missão é garantir que essa escuta seja efetiva, com impacto direto na formulação das políticas”.

Ainda sobre a efetividade das políticas, o secretário admitiu que o governo enfrenta desafios na execução e no monitoramento das ações, mas reforçou que há um compromisso com resultados mais concretos. Ele citou o documento em construção durante seminários promovidos pelo CDESS como uma ferramenta importante para orientar a Política Nacional de Agricultura Familiar. “Não será um relatório arquivado. Nosso objetivo é que esse documento seja vinculante, com metas, prazos e fiscalização. E vamos cobrar isso”, pontuou.

Sobre o papel do Novo PAC e do programa Nova Indústria Brasil no enfrentamento das desigualdades regionais, Noleto destacou que a Bahia e o Nordeste são prioridades nas estratégias de desenvolvimento. “O novo ciclo de investimentos precisa olhar para os territórios com mais sensibilidade. O discurso só se transforma em realidade com investimento direcionado, acompanhamento técnico e políticas públicas que respeitem as vocações regionais”.

Finalizando a entrevista, ao ser questionado sobre o papel consultivo do Conselhão e a urgência de quem vive no campo, Olavo Noleto foi direto: “Sabemos que o tempo da burocracia não é o mesmo do agricultor. Por isso, estamos trabalhando com metas e prazos. Nossa cobrança é para que o recurso chegue na ponta e transforme realidades”.

A entrevista gerou grande repercussão e destacou a necessidade de se avançar não apenas nos anúncios, mas na execução de políticas públicas eficazes e permanentes para fortalecer a agricultura familiar — uma base estratégica para a segurança alimentar, o desenvolvimento regional e a sustentabilidade do país.

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